7 de maio de 2018

Ação em Taquaraçu de Minas chama atenção para necessidade da coleta seletiva

Foto: Diego Cota/Redesol MG

Iniciativa teve Unicicla como parceira e contou com apoio da Redesol MG e Programa Novo Ciclo

Taquaraçu de Minas, cidade pacata distante cerca de 60 quilômetros da capital Belo Horizonte. Mesmo com a proximidade, a tranquilidade remete ao interior distante do grande centro. A margem do rio que dá nome ao município, está uma população que no sábado (28/04) resolveu fazer diferente em prol de uma causa essencial para o desenvolvimento sustentável.

Mobilizados pela iniciativa Jogue Limpo com Taquaraçu, os moradores separaram os resíduos recicláveis para a coleta seletiva porta a porta, realizada pela ONG Taquaraçu Ecotur. A ação contou com parceria da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Nova União (Unicicla), filiada da Cooperativa Central Rede Solidária dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis de Minas Gerais (Redesol MG).

Segundo o idealizador e diretor da ONG, Jânio de Lima Marques, o objetivo é chamar a atenção para a gestão dos resíduos da cidade. “A nossa intenção é provocar os órgãos públicos para implantação da coleta seletiva no município e também fazer uma parceria para a Unicicla receber o material recolhido. Para aquele que não for reciclável, que a prefeitura faça um contrato para enviar a um aterro e por fim no lixão da cidade”, explicou.

Os catadores, juntamente com o caminhão da coleta promovida pela ONG, percorreram as ruas do município recolhendo o material separado. Um carro de som que seguia logo na frente chamava a atenção da população alertando que “reciclar, é preciso reciclar”. Segundo o diretor da Unicicla, Anderson Viana, foi coletada por volta de uma tonelada e meia de recicláveis como papelão, plástico, papel, vidro, pneus etc.

Material recolhido foi levado para o galpão da Unicicla, em Nova União (Foto: Diego Cota/Redesol MG)

Além de promover um ganho para Taquaraçu de Minas, a atividade gerou impacto positivo para a Unicicla. “Aumentou a quantidade de reciclável no galpão e agregou para antecipar o fechamento de uma carga. Foi muito bom para os catadores. O material foi todo triado e prensado logo na segunda-feira”, contou Anderson.

“A comunidade abraçou a causa e está pedindo uma nova ação. Tanto que já tem moradores separando para um próximo mutirão. Outra coleta está sendo programada pela ONG. A Unicicla se propõe a dialogar com o poder público do município, juntamente com as entidades locais, empresas e sociedade, com o objetivo de implantar a coleta seletiva de fato na cidade”, revelou.

Segundo o idealizador Jânio de Lima Marques, uma das atividades realizadas pela ONG mostrou a necessidade da coleta seletiva. “A gente já vem fazendo um trabalho de limpeza da margem do rio, retirando o lixo, só que vimos que precisamos ampliar para a cidade, porque ela está muito suja e é importante, pois visamos a implantação da coleta seletiva no município, porque gera renda e ajuda a preservar o meio ambiente”, contou.

Foto: Diego Cota/Redesol MG

O trabalho de mobilização envolveu as redes sociais e também a conversa direta com a população. Foram distribuídos panfletos de porta em porta e na rua, onde foi explicada a importância do projeto. Segundo a integrante da Taquaraçu Ecotur, Jéssica dos Santos, “o pessoal sente falta do serviço. A receptividade foi boa, muita gente quer ajudar e está sendo conscientizado”, avaliou.

A ação Jogue Limpo com Taquaraçu contou com apoio da Redesol MG e do Programa Novo Ciclo.

Situação da cidade


Além da inexistência do serviço de coleta seletiva, a destinação dos resíduos é irregular, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/10. O caminhão que faz a coleta rotineiramente despeja ao lixo em um lixão irregular, onde é incinerado. A área fica a poucos quilômetros do perímetro urbano. De qualquer ponto da cidade é possível ver a fumaça que sobe entre a mata que circunda o município.

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que contém uma série de medidas que devem ser seguidas com o objetivo de atender o artigo 15º da PNRS, determinou um prazo de quatro anos, de 2010 a 2014, para que as prefeituras regularizassem a destinação dos resíduos produzidos. Essa regulação se daria principalmente por meio do fechamento dos lixões. Desde 2014, a existência desses locais, no Brasil, é um crime ambiental passível de pena.