11 de dezembro de 2017

Programa BB Educar: catadores de empreendimento da Redesol MG são alfabetizados


Foto: Diego Cota/Redesol MG

O processo de alfabetização é uma etapa importante para que o indivíduo possa compreender os códigos da sociedade. A falta dela impede que a pessoa entenda muita coisa. Ou seja, alfabetizar é levar luz ao mundo de alguém, como abordou a Presidente da Comunidade Associada Para Reciclagem de Materiais da Região da Pampulha (Comarp), Ivaneide da Silva Souza.

Na terça-feira (05/12), quatro alunos de uma turma formada na cooperativa receberam o diploma de conclusão do curso de alfabetização, ministrado por voluntários da Fundação Banco do Brasil, por meio do Programa BB Educar, voltado para jovens e adultos. A cerimônia aconteceu no auditório do Branco do Brasil, localizado na Rua Rio de Janeiro, Centro de Belo Horizonte.
Cooperados receberam o certificado de conclusão do curso (Foto: Diego Cota/Redesol MG)

A cooperada da Comarp Ângela Aparecida de Souza mora na cidade de Ribeirão das Neves e, para trabalhar, precisa pegar dois ônibus. Uma de suas dificuldades era compreender os letreiros e números, uma realidade que o BB Educar ajudou a melhorar. “Nele aprendi a ler, a contar dinheiro, a conhecer os números dos ônibus, que eu não sabia”, contou.

Ela relembra que, antes de ser alfabetizada, ficava vulnerável às pessoas que poderiam tirar proveito da sua falta de instrução para contar o dinheiro. “Eu pagava uma coisa, eles me voltavam o troco e eu não sabia se estava certo. Muita gente se aproveitou disso. Mas agora eu já sei contar o dinheiro e quanto que me voltam de troco. A escola foi tipo uma lição de vida”, revelou.

A cooperada Lavina Vieira da Cruz, 66, aprendeu bastante com o curso, porque antes sabia apenas assinar seu nome. Ela não conhecia as letras do alfabeto. “Agora sei todas elas”, disse com um simpático olhar de gratidão. “Nessas aulas que proporcionaram pra nós, deu pra aprender bastante”, contou.

Foto: Diego Cota/Redesol MG

Para quem não vive a situação do analfabetismo, talvez não seja tão simples assimilar, mas Lavina, com sua experiência de vida, resumiu. “A gente que não sabe nem assinar o nome direito, que não sabe nenhuma palavra, a gente é cego. Muitas coisas que aprendemos, conhecemos através da leitura, de uma explicação”, explicou.

Sede de aprendizado reforça desejo de continuidade entre os alfabetizados

A vontade unânime entre os formados é de dar continuidade aos estudos. Infelizmente Ângela não entra nos requisitos para se tornar uma marinheira, seu sonho de infância, mas ela logo recorreu ao seu plano B. “Vou continuar estudando. Quero ser uma advogada ou uma engenheira. O sonho mesmo era ser uma marinheira, mas a idade não dá”, disse.

A cooperada Marta Lúcia da Silva, 55, demonstrava resistência quando alguém sugeria para que ela estudasse. Agora que venceu a primeira barreira, quer aproveitar a comodidade para prosseguir nos estudos. “As pessoas falavam para eu estudar, mas eu dizia que não iria mexer com isso. Depois que comecei, foi uma coisa maravilhosa. Perto da minha casa tem uma escola, ela é de noite e tem aulas todos os dias da semana. Participar foi muito bom, é uma motivação a mais para continuar”, contou.

Foto: Diego Cota/Redesol MG

Já a parede da casa do funcionário da CBR, Cláudio Coimbra, 43, vai ganhar um destaque. Segundo ele, seu diploma será pendurado lá para que possam ver sua conquista. Ele, que completou a turma alfabetizada na Comarp, contou que já sabia um pouco, mas entrou no curso para aprender mais, reforçando seus conhecimentos.

Foto: Diego Cota/Redesol MG

Iniciativa BB Educar

O Programa é voltado para a alfabetização de jovens e adultos de setores vulneráveis da sociedade, entre eles, os catadores de materiais recicláveis e seus familiares, como uma ferramenta a mais para fortalecer a cidadania e os processos produtivos. O grupo de professores é capacitado pela Fundação Banco do Brasil e formado por servidores aposentados do Banco do Brasil. A atividade é realizada de forma voluntária.

Daisy Dias Lopes faz parte do time de alfabetizadoras voluntárias que ministraram o curso na Comarp. Segundo ela, a filosofia de ensino adotada sempre visa o crescimento do indivíduo. “Nós colocamos todo o nosso desejo de contribuir com a sociedade e por entender, de acordo com a pedagogia de Paulo Freire, que as pessoas às vezes não tiveram oportunidades. Elas sempre terão condições de crescer, aprender e sair dessa ‘escuridão’”, explicou.

O curso na Comarp iniciou em agosto de 2016 e finalizou em novembro deste ano, com aulas ministradas aos sábados. “Nosso objetivo era trabalhar a alfabetização, para que eles saíssem de lá lendo, escrevendo e com noções de matemática. Em uma roda de cultura, eles tinham tempo de conhecer gêneros literários. Pontuamos também questões do direito, cidadania, meio ambiente, sempre encaixando como sendo motivos para aprendizagem”, revelou Daisy.

Lavina agora carrega um enorme sentimento de gratidão aos alfabetizadores voluntários. “Deixo aos professores o maior agradecimento da minha vida, que Deus ilumine todos que empenharam e nos ajudaram, que ficaram com nós ali o tempo todo, nos aguentando. A paciência delas foi fundamental pra nós. Foi tudo maravilhoso”, agradeceu.