14 de abril de 2020

Paralisação de serviços de coleta seletiva e isolamento social geram insegurança para catadores de materiais recicláveis

Foto: Diego Cota/Redesol

A pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que assola e deixa em alerta diversos países no mundo, mudou de forma rápida a rotina dos catadores de materiais recicláveis. Após a suspensão dos serviços de coleta seletiva, por recomendação da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), e decretos municipais e estadual que visam o isolamento social para frear a propagação do vírus, os trabalhadores agora se encontram na insegurança pela falta de uma fonte de renda.

Entre os doze empreendimentos que integram a Cooperativa Central Rede Solidária dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis de Minas Gerais (Redesol), um está funcionando normalmente, dois parcialmente, enquanto os demais estão paralisados. Nos que ainda estão em atividade, os catadores que fazem parte do grupo de risco estão seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e permanecendo em casa. Do total de 248 catadores filiados, 133 fazem parte desse grupo, sendo 34 acima dos 60 anos e 99 com doenças crônicas.

O trabalho com o resíduo pós-consumo, principalmente das residências, coloca os catadores em vulnerabilidade para contaminação. Por isso a paralisação das atividades é algo necessário no momento como cuidado com a saúde dos trabalhadores. No guia de recomendações da Abes, que fala da inviabilidade do serviço de coleta seletiva em meio a pandemia, ela cita também a necessidade de o governo local fornecer um “auxílio social temporário”.

Entretanto, com exceção dos municípios de Congonhas e Nova União, ainda não há por parte das esferas públicas a certeza de uma renda básica para enfrentar a crise. Para a presidente da Redesol, Ivaneide da Silva Souza, essa é uma das preocupações dos catadores no momento, em como cumprir os compromissos assumidos e ao mesmo tempo preservar a saúde.

"O principal problema da paralisação das atividades é a insegurança. Eles querem trabalhar, porque estão preocupados com a sobrevivência, porque ninguém tem reserva de dinheiro para as despesas do dia a dia e não há previsão de volta ao trabalho. Mas também tem a grande preocupação de estar trabalhando e contrair o vírus e isso resultar em morte para eles ou para alguém da família. É uma insegurança muito grande. Ficamos instáveis e abalados, porque é algo muito novo para todo mundo”, disse.

Foto: Diego Cota/Redesol
Em momentos como o que vivenciamos, espera-se que os governos municipal, estadual e federal promovam ações que têm como objetivo preservar, primeiramente, a vida das pessoas, mas também que minimizem o impacto econômico da crise. Uma ação importante é garantir que os menos favorecidos tenham renda para manutenção das necessidades básicas e assim evitar um colapso econômico e social, já que essa parcela da população é o principal pilar do consumo brasileiro.

Para a presidente da Cooperativa Solidária dos Recicladores e Grupos Produtivos do Barreiro e Região (Coopersoli-Barreiro), Silvana Assis Leal, enquanto não houver uma ação concreta, o catador não terá renda. “Nesse momento, não estamos indo na base. Não trabalhando o material, não temos renda, porque vivemos dele. Então, não temos como pagar nossas contas. Isso é muito triste para os catadores”, afirmou.

Na terça-feira (07/04), a Caixa Econômica Federal anunciou as formas que os trabalhadores autônomos, informais, inscritos no CadÚnico e Microempreendedores Individuais (MEI) terão para acessar o auxílio emergencial de R$ 600,00. A medida governamental para enfrentamento da crise foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, na quinta-feira (02/04), após mobilização dos movimentos sociais organizados ligados às causas trabalhistas e populações em vulnerabilidade social.


Cuidados básicos ajudam na prevenção da Covid-19

Para evitar o contágio, os cuidados são básicos, como: lavar as mãos com água e sabão ou usar álcool em gel, cobrir o nariz e boca ao espirrar ou tossir, evitar aglomerações, manter o ambiente bem arejado e não compartilhar objetos pessoais. Buscar informações sempre em fontes confiáveis também é importante nesse momento de pandemia.

Segundo o Grupo de Pesquisa Sobre Acesso a Medicamentos e Uso Responsável, da Universidade de Brasília (UnB), o novo coronavírus permanece vivo de duas horas a 5 dias, de acordo com a superfície do material.


Municípios de atuação dos empreendimentos filiados à Redesol 

Baldim: Comarb (Paralisada)
Belo Horizonte: Associrecicle-BH, Coomarp Pampulha, Coopersoli-Barreiro e Coopemar Oeste (Paralisadas);
Betim: Coopera-MG (Funcionando parcialmente)
Bom Jesus do Amparo: Unicicla (Paralisada)
Caeté: Agea (Paralisada)
Congonhas: Ascacon (Paralisada)
Nova União: Unicicla (Paralisada)
Pedro Leopoldo: Ascapel (Paralisada)
Sabará: Mãos Amigas (Funcionando normalmente)
Vespasiano: Coopervesp (Funcionando parcialmente)