Mulheres catadoras são maioria nos empreendimentos filiados (Foto: Diego Cota/Redesol MG) |
Em 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. A data foi instituída em referência à luta por melhores condições de vida e trabalho. Luta que é constante para as catadoras, como relata a Presidente da Redesol MG, Ivaneide da Silva Souza. “Ter um dia da mulher é especial para refletirmos sobre nós, mas o desafio é diário. Ficamos felizes por ter conseguido avançar ao longo dos anos”, disse.
Para Ivaneide, entre as questões cotidianas está a de passar a ideia de igualdade de gênero no ambiente profissional. “Tem o entendimento de muitos homens machistas de que são eles que têm mais conhecimento e que apenas eles dão conta de liderar. Trabalhar esse assunto para que a gente tenha um grupo homogêneo, independente de lidar com mulheres ou homens, é um grande desafio nesse universo da catação”, revelou.
A Presidente e catadora da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Sarzedo (Acamares), Marli Beraldo, usa a palavra resiliência para definir o trabalho da mulher catadora. Neste contexto, significa que é a capacidade de lidar com os problemas que surgem, sem ceder às pressões. “Nós tiramos da rua o sustento e somos a cara do povo brasileiro. Dentro da realidade de ser mulher na catação, eu acho que a atividade exige essa resiliência”, afirmou.
Foto: Diego Cota/Redesol MG |
Outro aspecto importante é a habilidade de lidar com situações distintas em um mesmo intervalo de tempo, que, segundo Marli, é marcante da mulher, pois por vezes concilia rotina profissional, maternidade, entre outras atividades. “O olhar difuso é uma característica muito feminina, só a mulher dá conta de fazer três coisas ao mesmo tempo”, disse.
Intervenção nas ruas de Sarzedo marcou o Dia da Mulher da Acamares
Foto: Divulgação/Acamares |
Na quinta-feira (8/03), as catadoras da Acamares foram às ruas da cidade, localizada na Grande BH, para conscientizar a população sobre a desigualdade de gênero existente.
Rosas foram distribuídas em meio às conversas sobre os desafios enfrentados pela mulher catadora. O momento contou com apoiadores da associação e foi propício para divulgar a coleta seletiva e explicar como esse serviço reflete na inclusão dos catadores.
“Nós entregamos rosas, mas não foi para comemorar, foi de lamento pela violência contra a mulher, pela falta de oportunidade no mercado de trabalho, principalmente para as mulheres negras e pobres. Dialogamos sobre esses problemas para as mulheres catadoras”, contou Marli Beraldo.