11 de setembro de 2018

Muro Inteligente: conheça o equipamento que tem promovido a coleta seletiva espontânea, em Pedro Leopoldo

Equipamento chama atenção dos morados para o descarte correto dos resíduos (Foto: Divulgação/Recoa PL)
Uma iniciativa inovadora, que tem como finalidade promover o hábito de destinar corretamente os resíduos recicláveis, tomou conta do município de Pedro Leopoldo, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nomeado como Muro Inteligente, o equipamento de entrega voluntária de resíduos foi proposto e difundido pela Rede Comunitária em Ação (Recoa), parceira da Cooperativa Central Rede Solidária dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis de Minas Gerais (Redesol MG).

O material depositado nos muros é recolhido pela Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Pedro Leopoldo (Ascapel), filiada à Redesol MG. Segundo a presidente do empreendimento, Luciene Pereira de Almeida, a iniciativa aumentou a quantidade de material trabalhado na associação. “Deu impacto positivo na Ascapel, porque o material que a gente não tinha, hoje nós temos”, disse.

Ela explicou que em Pedro Leopoldo a coleta seletiva porta a porta é realizada uma vez por semana em cada bairro. Com isso, muitos moradores não gostavam de juntar o material durante esse tempo. A presença de muros pela cidade contribuiu para a mudança de hábito. “Com eles melhorou bastante, pois as pessoas que não esperavam pela coleta nas casas, passaram a depositar os recicláveis nos muros”, revelou.

Muro contém informações sobre os materiais (Foto: Divulgação/Recoa PL)

O equipamento está presente em 14 localidades. Estão geralmente em escolas da cidade e sua presença está aliada com ações de educação ambiental com os estudantes. O muro possui orifícios indicando o tipo de material que deve ser depositado em cada um. Atrás deles, existem gaiolas contendo os bags que comportam o material depositado e facilitam o recolhimento pelos catadores da Ascapel.

Segundo a coordenadora da Recoa, Márcia Lopes, o equipamento beneficia toda comunidade. “Os muros inteligentes são uma tecnologia social extremamente importante e de fácil identificação. Ele trás benefícios diretamente para a Ascapel. Para a comunidade trás a sensibilização ambiental. Os resíduos sólidos são responsabilidade de todos nós e temos que participar dessa gestão”, disse.

Iniciativa engloba trabalho artístico desenvolvido por adolescentes

Cada muro é caracterizado por uma arte desenvolvida em equipe por adolescentes da cidade. O grafite é feito para chamar atenção para a presença do equipamento, sempre com uma temática definida, além de levar algumas informações sobre os materiais. “Os grafiteiros são formados pela Recoa. Eles passam por uma capacitação que envolve ensinar o grafite e o respeito ao patrimônio público”, revelou Márcia.

Os jovens artistas contaram que o início do processo se deu com uma seleção realizada nas escolas buscando alunos que tinham habilidade em desenhar. Logo após, foram iniciadas as oficinas. “Nos apresentaram o projeto e qual a proposta da iniciativa”, contou Mateus Dias, de 18 anos, que ficou satisfeito com o resultado. “Fiquei muito feliz, porque sempre quis mostrar minha arte para um número maior de pessoas. Fiz e deu certo”, disse.

Projeto abre espaço para trabalho com jovens da cidade (Foto: Diego Cota/Redesol MG)


Mudança de hábito da população é realidade na cidade

Mateus contou que após a instalação de um muro inteligente no bairro onde mora, mais pessoas têm separado os recicláveis e isso reflete no aspecto do bairro. “O pessoal do meu bairro sempre coloca o reciclável nos muros. Já reduziu bastante a quantidade do que era descartado nas ruas”, revelou. Poliana Ribeiro, de 18 anos, que também faz parte do projeto como grafiteira, aponta a mudança de comportamento. “As pessoas estão aprendendo a separar o lixo que dá pra reutilizar”, disse.

Teodora Dureva, de 33 anos, ficou surpreendida ao saber que uma iniciativa como a dos muros inteligentes é algo raro na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A búlgara mora em Pedro Leopoldo há cerca de dois meses e usa os muros desde então. Durante os dois anos que reside no Brasil, ela não se recorda de uma iniciativa similar nas cidades onde morou. “Belo Horizonte é a terceira maior cidade do país e quase não tem esse tipo de equipamento. Morei em São Paulo e também não tinha nada disso. É uma vergonha”, revelou.

Diante da situação, ela aprovou a presença dos equipamentos na cidade, mas opinou que é preciso conscientizar mais as pessoas quanto a destinação correta. “Os muros inteligentes são muito bons, mas acho que é preciso mais. Também o povo tem que ser educado, tem que haver propaganda, pois vejo muito lixo nas ruas e nos quintais. Nas escolas é muito importante discutir o tema”, disse.

De onde veio?

O projeto dos muros inteligentes surgiu de um problema comum enfrentado por Pedro Leopoldo: a gestão de resíduos sólidos. Ele foi iniciado em 2013, quando o Instituto Holcim, integrado com a Rede América, capacitou associações para desenvolverem um projeto que tinha como finalidade resolver um problema comum a todos. O fato de a Ascapel participar do grupo levantou a necessidade de contribuir com a destinação dos resíduos, tópico que beneficia diretamente todos da cidade.
Muro Inteligente situado na Apae da cidade (Foto: Divulgação/Recoa PL)