Desinfecção dos resíduos da coleta seletiva é a primeira etapa do novo protocolo sanitário (Fotos: Diego Cota/Redesol) |
Contentes com o retorno, os catadores receberam o reforço das novas orientações para o trabalho dentro dos galpões e para o uso dos EPIs.
Alguns pontos da capacitação foram reforçados na volta das atividades |
Todos os procedimentos para possibilitar a volta ao trabalho foram elaborados pelos catadores juntamente com a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), por meio do Fórum Municipal Lixo e Cidadania, como apontou a presidente da Redesol, Ivaneide da Silva Souza. “O planejamento das atividades, criação dos protocolos e capacitações foram feitos pelos catadores e SLU/PBH. A SLU foi muito parceira durante esse processo para que os cooperados pudessem retornar com segurança”, disse.
O novo protocolo mudou principalmente a logística de trabalho dentro dos empreendimentos. O espaço disponível foi readequado para comportar os resíduos que chegam da coleta seletiva e que vão ficar em quarentena, além do processo de triagem após o período. Agora, todo material que entra no galpão é desinfeccionado com uma solução de hipoclorito de sódio, que é dispersado sobre o montante de recicláveis, e coberto por uma lona durante sete dias.
Para o assessor técnico da Redesol, Lelis Fonseca, “a logística deve atender a demanda para que o material que for alocado no galpão possa ser triado sem problemas após o período de quarentena. Isso muda o funcionamento, porque antes não exigia uma logística interna tão rígida com o trato do material que chega no galpão”, explicou.
Para a higienização rápida das mãos, pias foram instaladas ao longo do local de trabalho. Novos EPIs foram incluídos na rotina dos catadores. O uso de alguns deles já é algo comum. Botinas e luvas são itens indispensáveis, e dependendo da função dentro do empreendimento, faz-se necessário o uso de óculos de proteção e protetores auriculares. Agora, ficou definido o reforço dos cuidados com o uso de máscara e protetor facial de acrílico para enfrentar o risco biológico invisível aos olhos.
A máscara, comum a todos desde o início da pandemia no Brasil, deverá ser trocada a cada duas horas. Para a catadora da Coomarp Pampulha, Vanderleia Pires Hilário, o uso será sempre pensando no bem-estar coletivo. “Os EPIs a gente já usava muito antes da pandemia. Agora vamos ter mais cuidado ainda. Com a máscara já estamos acostumados por causa do uso diário, só temos que nos adaptar com o escudo. Como é para o bem de todos, nós sempre estaremos usando”, afirmou.
Todos ganham com a volta dos catadores
Catadores do grupo de risco não foram liberados para voltar ao trabalho |
O retorno das atividades dos catadores e do serviço de coleta seletiva, em Belo Horizonte, é um fato positivo em diversos âmbitos. Por um lado, os catadores podem voltar ao trabalho e garantir sua renda mensal. Por outro, significa um alívio ao meio ambiente, uma vez que os materiais recicláveis voltam a ter como destino a cadeia produtiva da reciclagem. Durante a paralisação, foi estimado que cerca de 600 toneladas mensais foram encaminhadas para o aterro sanitário.
Esse destino era uma das angústias nos últimos sete meses, como revelou Ivaneide. “Havia uma grande preocupação com a ida de todo esse resíduo para o aterro sanitário. A expectativa é de que a gente consiga estar sempre dentro dos protocolos de segurança para fazer a triagem e destinação correta sem que ele tenha que voltar a ser destinado para o aterro”, disse.
"Agradecemos a todos os parceiros que se empenharam para que nossa retomada fosse possível, com a segurança necessária para preservar a saúde dos catadores", completou.