Manifestações foram registradas em várias regiões do estado (Fotos: Diego Cota/Redesol) |
Os catadores da Redesol estiveram mobilizados em Baldim, Belo Horizonte, Nova União e Pedro Leopoldo, com intuito de chamar a atenção da população local para a pauta. O edital do MMA, que conta com apoio do Governo de Minas Gerais, prevê a implantação de usinas de triagem mecanizadas, por consórcios públicos, para produção de Combustível Derivado de Resíduo Urbano (CDRU), através da incineração de recicláveis, orgânicos e rejeitos. A proposta não leva em consideração a legislação prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que garante a inclusão dos catadores na responsabilidade compartilhada e estabelece uma ordem para gerenciamento dos resíduos.
Para a presidente da Redesol, Ivaneide da Silva Souza, a proposta do governo é um descaso à população e aos trabalhadores da cadeia produtiva da reciclagem. “Quando se fala em CDRU se trata da queima dos resíduos para geração de energia, inclusive os recicláveis. Não estão preocupados com a qualidade do ar que respiramos e muito menos com o sustento de milhares de famílias que garantem seu trabalho e renda com esses resíduos. Não é possível conceber tamanho descaso com o meio ambiente e principalmente com os catadores, que com muita luta vem garantindo seu sustento e sua sobrevivência”, apontou.
Manifestantes de pelo menos 30 cidades ocuparam praças e principais vias de circulação da população local, em várias regiões do estado de Minas Gerais, com faixas em defesa da coleta seletiva e da reciclagem, alertando para os riscos da incineração, cobrando a revisão do edital e solicitando a ação de vereadores, por meio de moções, nos municípios.
A cooperada da Coomarp Pampulha, filiada da Redesol, Cleide Maria Vieira, avaliou o momento como demonstrativo de empoderamento dos catadores. “Nós mostramos a importância de irmos para as ruas reivindicar algo que é direito nosso, de poder exercer nosso trabalho, que gera renda e dignidade para muitas famílias e também gera retorno ambiental. Sabemos que por meio dele, nós temos preservado o meio ambiente. Quando nós catadores reunimos, nós mostramos nossa força, mesmo sendo cooperados de cooperativas ou catadores de rua autônomos. Nós estamos unidos em um só propósito”, afirmou.
É uma luta antiga: catadora Cleide exibiu camiseta do ato de 2013 |
Na Praça Sete, em Belo Horizonte, além das faixas, uma camiseta verde com a expressão “Incineração Não!” esteve estendida durante toda a manifestação. Segundo Cleide, ela foi produzida para um ato que ocorreu em 2013, há oito anos, mostrando que essa é uma luta antiga das catadoras e catadores. Para a presidente da Redesol, Ivaneide, ainda ter que lutar contra a incineração e propostas que não incluem os catadores é algo triste e inaceitável. “Às vezes achamos que estamos avançando com os municípios e nos deparamos com retrocessos como este desconsiderando a política nacional de resíduos sólidos”, disse.
Em Baldim, catadoras e catadores da Associação dos Trabalhadores com Materiais Recicláveis de Baldim (Comarb) iniciaram a manifestação no galpão de triagem, em seguida realizaram uma carreata pelas ruas do distrito de São Vicente e finalizaram com um ato na Praça Emílio Vasconcelos, no Centro de Baldim. Na ocasião, contaram com o apoio dos vereadores Remi Rodrigues e Márcio Soldado.
Catadores da Comarb na sede da Associação (Foto: Samira Senna Fotos e Vídeos) |
Ato seguiu até o Centro de Baldim (Foto: Samira Senna Fotos e Vídeos) |
Em Pedro Leopoldo, associados da Associação de Catadores de Pedro Leopoldo (Ascapel) promoveram um ato, no fim da tarde, na Praça da Prefeitura, no Centro da cidade.
Catadores da Ascapel, de Pedro Leopoldo (Foto: Aline Dias) |
Em Nova União, por meio das redes sociais, os catadores da Unicicla divulgaram o ato realizado na Usina de Triagem do município e informou sobre a articulação com os vereadores da cidade, representados pelo vereador Thales Melo, para apresentação de uma moção contra o edital. “O apelo é para que as prefeituras priorizem a coleta seletiva e que mandem menos materiais recicláveis para os aterros sanitários”, disse o presidente da associação, Anderson Viana.
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Veja mais fotos do ato em Belo Horizonte: