19 de agosto de 2019

Catadores foram capacitados em oficina de ginástica laboral, pelo Projeto Cuidar

Fotos: Diego Cota/Redesol


Com objetivo de criar uma rotina de exercícios para amenizar as dores sentidas devido ao trabalho de catação, o Projeto Cuidar, desenvolvido pela WIEGO (Mulheres no Emprego Informal: Globalizando e Organizando), capacitou catadoras e catadores da Redesol e de mais duas redes para a prática da ginástica laboral. A oficina foi ministrada na segunda-feira (29/07), no Centro Público de Economia Solidária, em Belo Horizonte.

Com muita informação e descontração, o fisioterapeuta Pedro Fonseca ensinou aos participantes quais os exercícios com maior eficácia para o bem-estar físico, tendo em vista o esforço realizado diariamente. Foram praticadas: extensão da coluna lombar, extensão da coluna torácica, retração cervical, inclinação lateral do pescoço, extensão dos ombros e alongamento da coxa.

Segundo Pedro, a ginástica vem para possibilitar que os catadores possam trabalhar com menos incômodos, pois a maior parte das dores são decorrentes da forma de posicionar o corpo no trabalho. “Geralmente, as dores musculoesqueléticas são mecânicas e estão relacionadas às posturas, posições sustentadas e movimentos repetitivos. Esse tipo, que não é inflamatória ou química, é melhor tratada com estratégias de carga, movimentos e posições sustentadas”, explicou.


Para a elaboração, o fisioterapeuta visitou associações e cooperativas que realizam o trabalho de diferentes formas, seja por esteira, bancada ou triando diretamente do chão. “Os catadores foram muito receptivos, todos pararam pra conversar sempre que eu perguntava uma coisa. Eles se queixaram individualmente de dores nas regiões cervical, lombar e joelho. Eu acredito que essas sejam as três principais”, contou.

Ele ainda explicou que a ginástica pode substituir o uso de medicamento para dores musculares, em alguns casos. “Em grande parte, o uso não tem efeito ou é temporário e parcial. Eu quis passar a ideia de que o movimento é um novo medicamento, que eles podem recorrer ao longo do dia, sem custos, sem efeitos colaterais, sem danos à saúde e de forma simples”, revelou Pedro.

A presidente da Redesol, Ivaneide da Silva Souza, acredita que a atividade deve entrar na rotina das cooperativas pela facilidade de execução. “Ele trouxe os exercícios de forma simples, que não impactam a rotina de trabalho. Eu realmente acho que eles serão utilizados nos empreendimentos. São fáceis e sem custo, que podem ser feitos sozinho ou em grupo. Creio no resultado positivo”, disse.

Uma das propostas foi capacitar dois catadores de cada base para que eles sejam os multiplicadores da prática. De acordo com a coordenadora do Projeto Cuidar, Sônia Dias, a oficina atendeu as expectativas. “Para mim cumpriu plenamente o que propomos. Espero que dentro das cooperativas o pessoal tenha um grupo de trabalho pensando a saúde. É uma forma de institucionalizar o cuidado, para deixar de ser algo que se preocupa num momento e esquece no outro”, apontou.


Na avaliação de Ivaneide, o bem-estar físico reflete diretamente na capacidade produtiva. “Eu acho que quando diminui a dor, aumenta a produtividade, o humor e o ânimo. Quando a gente chama atenção à saúde, a pessoa começa a pensar, a enxergar ela como alguém que tem que se cuidar. Isso faz ela repensar a postura no trabalho. Eu acho que o cooperado passa a evitar posições que causam dor ou que pode fazer um exercício para amenizá-la”, avaliou.

A atividade é um desdobramento da intervenção do Projeto Cuidar, que foi executado em alguns dos empreendimentos filiados à Cooperativa Central Rede Solidária dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis de Minas Gerais (Redesol), em 2017. Ele teve como objetivo diagnosticar a saúde ocupacional dos catadores.